Projetos com foco na melhor idade ainda são raros no mercado imobiliário

Apesar da tendência de crescimento do número de pessoas com mais de 60 anos, itens de segurança e conforto ainda são escassos na área privativa dos imóveis
O envelhecimento da população brasileira é uma realidade, mas a boa notícia é que as pessoas estão vivendo cada vez mais. Além das mudanças físicas, o avanço da idade traz necessidades relacionadas à moradia, setor no qual o avanço de empreendimentos e projetos específicos para atender às necessidades desse público ainda é bastante tímido.

Apesar da tendência de migração dos idosos para os apartamentos e a perspectiva de crescimento desta população – que deve chegar a 24 milhões de pessoas em até dez anos – , o mercado imobiliário argumenta que a baixa procura é um limitador para a adoção de soluções em escala.

A falta de demanda por este tipo de imóvel é apontada pela gerente de projetos da Invespark, Michelle Beber, como uma barreira para os empreendimentos que privilegiam as necessidades das pessoas acima dos 60 anos. Segundo pesquisa da Associação dos Dirigentes deEmpresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), apenas 7% das pessoas que tinham intenção de comprar um imóvel em 2014 tinham mais de 55 anos. “Não vejo em Curitiba, hoje, um nicho de mercado para este segmento. Ele tem tudo para crescer e criar corpo no decorrer dos anos, quando o número de idosos e a procura aumentar”, acrescenta Michelle.

Em outros mercados, contudo, há empresas explorando este ni cho. É o caso da Tecnisa, em São Paulo. Contrariando o fluxo do mercado, a construtora está de olho no potencial deste público desde 2008, quando começou a desenvolver o projeto “Construindo com Consciência Gerontológica”, que traz soluções que favorecem a integração de pessoas da melhor idade aos seus empreendimentos.

Por enquanto, a experiência foi adotada em condomínios construídos no mercado paulista e envolve, principalmente, modificações nos espaços comuns. “As escadas das piscinas foram construídas em alvenaria e com corrimão. No piso, substituímos o porcelanato polido por acabamentos mate ou fosco que, por não terem brilho, previnem a confusão visual e que a pessoa tropece”, conta Gisele Santos de Luca, gerente de produto e projetos da Tecnisa.

Nas áreas privativas, a adoção de soluções é possível por meio da personalização do projeto de acordo com as necessidades do futuro morador. A Tecnisa não dá detalhes, mas adianta que estuda um projeto para São Paulo que trará soluções ainda mais específicas para o público da melhor idade.

Maçanetas

Os modelos “retos”, em forma de alavanca, são os mais recomendados, pois facilitam a abertura das portas. As maçanetas arredondadas, que precisam ser giradas para destravar a porta, podem trazer dificuldade para idosos com artrite ou com pouca força nas mãos.
Pisos

Nos banheiros e em outras áreas molhadas, como lavanderias, o morador pode optar pela instalação de pisos antiderrapantes ou com ranhuras, que previnem quedas. Pisos vinílicos emborrachados são indicados para os demais cômodos por não serem escorregadios, como o porcelanato polido.
Banheiro

Instalar barras de apoio nos vasos sanitários e no box facilita a locomoção. As barras devem ter entre 3 cm e 4,5 cm de diâmetro e serem fixadas a uma distância mínima de 5 cm entre sua face interna e a parede.
Portas

Portas mais largas, com pelo menos 80 cm de vão, garantem a passagem de cadeiras de rodas ou andadores e também de idosos que precisam do auxílio de acompanhantes para se deslocar.
Interruptores e tomadas

As tomadas baixas devem ser instaladas com uma distância de 30 cm entre seu eixo e o piso. Para os interruptores, a altura recomendada é de 1,1 metro.
Desníveis

Evite manter desníveis no piso. Pequenos degraus podem ser substituídos por rampas, que facilitam o deslocamento.

Soluções simples que vão do piso à maçaneta

Trazer conforto e segurança para dentro do imóvel não é tarefa difícil. As quedas, por exemplo, são um dos principais vilões da saúde dos idosos. Por isso, uma das primeiras recomendações dos especialistas é instalar barras de apoio na área do chuveiro e também nas laterais do vaso sanitário para facilitar a movimentação. Substituir o piso cerâmico da área de banho por um modelo rugoso ou antiderrapante e optar por um box com portas “camarão” são outras adaptações viáveis. “Neste modelo, as folhas abrem quase por completo e permitem que a pessoa possa ser socorrida em casos de queda”, explica Denise Alves Pereira, da Bernacki Arquitetura.

Para os demais cômodos, a atenção começa já na porta. Aberturas com larguras inferiores a 80 centímetros dificultam a passagem de cadeiras de rodas ou de idosos que precisem do auxílio de acompanhantes para se locomover. Maçanetas em forma de alavanca são as mais indicadas, uma vez que as arredondadas demandam mais esforço para serem destravadas.

Por serem muito lisos, pisos de porcelanato e os enceráveis – como os de taco de madeira–devem ser evitados. Uma opção é substituí-los por vinílicos emborrachados, que tem fácil manutenção e não riscam com o uso de equipamentos, como cadeiras de rodas. “Os de taco podem ser lixados e envernizados, o que mantém o brilho mas reduz o efeito escorregadio”, acrescenta Denise.

Degraus e pequenos desníveis podem ser solucionados com a colocação de rampas. Já para o deslocamento entre diferentes pavimentos do imóvel o mercado dispõe de elevadores residenciais e cadeiras elevatórias, que podem ser instaladas diretamente na escada. Na Daiken Elevadores, os modelos custam a partir de R$ 15 mil.

Vale lembrar que a adoção de soluções que facilitam o dia a dia dos idosos em casa podem trazer benefícios para todos os moradores, uma vez que ninguém está livre de conviver com alguma limitação temporária resultado de um acidente, por exemplo. A sugestão de Denise, principalmente para os casos de reforma ou de construção do imóvel, é a de que as medidas sejam executadas, resultando em uma casa para toda a vida.

Fonte: Gazeta do Povo

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